quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Epístola de TIAGO - Esboço



Capítulo 1
Versículos 1-11
Como recorrer a Deus nos problemas e como comportar-se nas circunstâncias prósperas e adversas.
Versículos 12-18
Considerar que todo mal procede de nós, e todo bem vem de Deus.
Versículos 19-21
O dever de vigiar contra o temperamento leviano e o de receber com mansidão a palavra de Deus.
Versículos 22-25
O dever de viver conforme a isso.
Versículos 26-27
A diferença entre as pretensões vãs e a verdadeira religião.

Versículos 1-11
O cristianismo ensina aos homens a estar gozosos nas tribulações; tais exercícios vêm do amor de Deus; e as provações do caminho do dever darão brilho a nossas virtudes agora e a nossa coroa no final. Nos tempos de provações, preocupemo-nos de que a paciência atue em nós, e não a paixão; o que se diga ou faça, seja a paciência a que o diga e faça. Todo o necessário para a nossa carreira e guerra cristã será outorgado quando a obra da paciência for completada. Não devemos orar pedindo que a aflição seja eliminada, tanto como pedindo sabedoria para usá-la corretamente. E quem não quer sabedoria para que o conduza nas provas, regulando seu próprio espírito e administrando seus assuntos? Eis aqui algo como resposta a cada giro desalentador da mente, quando vamos a Deus experimentando nossa própria fraqueza e tolice.  Depois de tudo, se alguém dizer "Isto pode acontecer a alguém, mas me temo que eu não triunfarei", a promessa é: a todo aquele que pedir, lhe será dado.
Uma mente que se ocupe em considerar, de forma única e dominante, seu interesse espiritual eterno, e que se mantém firme em seus propósitos para Deus, crescerá sabiamente pelas aflições, continuará fervoroso em suas devoções e se levantará por acima das provas e das oposições. Quando nossa fé e espírito se levantam e caem com as causas secundárias, nossas palavras e ações serão instáveis. Isto nem sempre expõe aos homens ao desprezo do mundo, mas esses caminhos não podem agradar a Deus. Nenhuma situação da vida é tal que impeça regozijar-se em Deus. Os de baixa condição podem regozijar-se se são exaltados a serem ricos em fé e herdeiros do Reino de Deus; e os ricos podem regozijar-se com as providências humilhantes que os levam a uma disposição mental humilde e modesta.
A riqueza mundana é coisa que se acaba. Então, que quem é rico se regozije na graça de Deus que o faz e mantém humilde; e nossa provas e exercícios que lhe ensinam a buscar a alegria de Deus e nEle, e não nos prazeres perecíveis.

Versículos 12-18
Não todo homem que sofre é o abençoado; porém, sim o que com Paixão e constância vai pelo caminho do dever, através de todas as dificuldades. As aflições não nos podem tornar miseráveis se não são por nossa própria falta. O cristão provado será um cristão coroado. A coroa da vida se promete a todos os que têm o amor de Deus reinando em seus corações. Toda alma que ama verdadeiramente a Deus terá suas provas deste mundo plenamente recompensadas nesse mundo do alto, onde o amor é aperfeiçoado.
Os mandamentos de Deus e os tratos de sua providência provam os corações dos homens, e mostram a disposição que prevalece neles. Mas nada pecaminoso do coração e da conduta pode ser atribuído a Deus. Ele não é o autor da escoria, embora sua prova de fogo a deixa ao descoberto. Os que culpam do pecado a sua constituição ou a sua situação no mundo, ou pretendem que não podem evitá-lo, deixam mal a Deus como se Ele fosse o autor do pecado. as aflições, como enviados de Deus, estão concebidas para fazer reluzir nossas virtudes, e não nossas corrupções. A origem do mal e das tentações está em nossos próprios corações.
Detenha os começos do pecado, ou todos os males que se segam serão totalmente carregados em sua conta. Deus não se compraz na morte dos homens, como que não tem parte no pecado deles, porém o pecado e a miséria devem-se a eles mesmos. Assim como o sol que influi na natureza é sempre o mesmo, apesar de que repetidas vezes se interpõem a terra e as nuvens, fazendo o que a nós parece variável, assim Deus é imutável e nossas mudanças e sombras não são mudanças nem alterações nEle. O que o sol é na natureza, Deus o é na graça, providência e glória, e infinitamente a mais. Como toda boa dádiva é de Deus, assim, em particular, é o fato de termos nascido de novo, e todas suas conseqüências santas e felizes provêm dEle. Um cristão verdadeiro chega a ser uma pessoa tão diferente da que era antes das influências renovadoras da graça divina, que é como se fosse formado de novo. devemos dedicar todas as nossas faculdades ao serviço de Deus, para que possamos ser uma espécie de primícias de suas criaturas.

Versículos 19-21
Em lugar de inculpar a Deus quando sejamos submetidos a provações, abramos nossos ouvidos e corações para aprender o que nos ensina através delas. Se os homens desejam governar suas línguas, devem governar suas paixões. O pior que podemos aportar a qualquer disputa é a ira.
Eis aqui uma exortação a separar e lançar fora como roupa suja todas as práticas pecaminosas. Isto deve alcançar os pecados do pensamento e do afeto, e os pecados do falar e do fazer; a toda coisa corrupta e pecaminosa. Devemos render-nos à palavra de Deus com mentes humildes e dóceis ao ensino. Devemos estar dispostos a ouvir de nossos defeitos, e a tomá-los não só com paciência, senão com gratidão. O objetivo da Palavra de Deus é fazer-nos sábios para salvação e os que se propõem qualquer finalidade malvada ou baixa ao prestar-lhe atenção desonram o Evangelho e desiludem suas próprias almas.

Versículos 22-25
Se ouvíssemos um sermão a cada dia da semana e um anjo do céu for o pregador, não nos conduziria nunca para o céu se nos apoiarmos somente no ouvir. Os que são somente ouvidores enganam-se a si mesmos; e o engano de si mesmo será achado, afinal, como o pior engano. Se nos elogiarmos a nós mesmos é nossa própria falta. A verdade não lisonjeia a ninguém, tal como está em Jesus. a palavra da verdade deve ser cuidadosamente ouvida, com atenção, e exporá diante de nós a corrupção de nossa natureza, os desordens de nossos corações e de nossa vida; nos dirá claramente o que somos. Nossos pecados são as manchas que a lei deixa ao descoberto; o sangue de Cristo é o lavamento que ensina o evangelho, mas ouvimos em vão a Palavra de Deus e em vão olhamos para o espelho do Evangelho se vamos embora e esquecemos nossas manchas em lugar de tirá-las lavando-as, e esquecemos nosso remédio em vez de recorrer a ele. isso acontece com os que não escutam a palavra como deveriam. Ao ouvir a palavra, olhamos dentro dela em procura de conselho e guia, e quando a estudamos, torna-se nossa vida espiritual. Os que se mantêm na lei e na palavra de Deus são e serão abençoados em todos seus caminhos. Sua recompensa de graça no além estará relacionada com sua paz e consolo presentes.
Cada parte da revelação divina tem seu uso, levando o pecador a Cristo para salvação, e guindo-o e exortando-o a andar em liberdade pelo Espírito de adoção, conforme aos santos mandamentos de Deus. Note-se a distinção: o homem não é abençoado por suas obras, senão em sua obra. Não é falar senão andar o que nos levará ao céu. Cristo se tornará mais precioso para a alma do crente que, por Sua graça, se tornará mais idônea para a herança dos santos em luz.

Versículos 26-27
Quando os homens se esforçam por parecer mais religiosos do que realmente são, é um sinal de que sua religião é vã. Não refrear a língua, a prontidão para falar das faltas do próximo, ou para diminuir sua sabedoria e piedade, são sinais de religião vã. O homem que tem uma língua caluniadora não pode ter um coração verdadeiramente humilde e bondoso.
As religiões falsas podem conhecer-se por suas impurezas e falta de caridade. A religião verdadeira nos ensina a realizar cada coisa como estando na presença de Deus. uma vida imaculada deve ir unida ao amor e a caridade não fingidas. Nossa religião verdadeira é igual a medida em que estas coisas ganhem lugar em nosso coração e conduta. Lembremo-nos que nada presta em Cristo Jesus salvo a fé que opera pelo amor, que purifica o coração, que submete as luxúrias carnais e que obedece aos mandamentos de Deus.

Versículos 1-13
Todas as profissões de fé são vãs se não produzem amor e justiça para os outros.
Versículos 14-26
As boas obras são necessárias para demonstrar a sinceridade da fé que, de outro modo, não será mas vantagem que a fé dos demônios.

Versículos 1-13
Os que professam fé em Cristo como o Senhor da glória não devem fazer acepção de pessoas simplesmente pelas circunstâncias é aparências externas, de uma maneira que não concordam com sua profissão de ser discípulos do humilde Jesus. aqui Tiago não anima à rudeza nem à desordem; deve dar-se o respeito civil, mas nunca de tal modo que influencie nos procedimentos dos cristãos para dispor dos ofícios da Igreja de Cristo ou para passar as censuras da igreja, ou em alguma questão da religião. O questionar-nos é algo que serve de muito em cada parte da vida santa. Façamo-lo com maior freqüência e aproveitemos toda ocasião para discorrer com as nossas almas.
Como os lugares de adoração não podem ser edificados nem mantidos sem custos, pode resultar apropriado que os que contribuem sejam acomodados de forma concordante, no entanto, se todos fossem pessoas de maior orientação espiritual, os pobres seriam tratados com mais atenção do que costuma acontecer nas congregações.
O estado humilde é mais favorável para a paz interior e o crescimento na santidade. Deus daria riquezas e honra deste mundo a todos os crentes se fossem para seu bem, considerando que Ele os têm escolhido para que sejam ricos na fé e os tem feito herdeiros de seu reino, que prometeu conceder a todos os que o amam. Considere-se com quanta freqüência as riquezas conduzem ao vício e à maldade, e quão grandes recriminações se faze, a Deus e à religião por parte de homens ricos, poderosos e grandes no mundo; isso fará que este pecado pareça muito grave e néscio.
A Escritura dá como lei amar ao próximo como a um mesmo. esta lei é uma lei real que vem do Rei de reis; e se os cristãos agem injustamente tornam-se convictos de transgressão pela lei.
Pensar que as nossas boas obras expiarão nossas más obras é algo que claramente nos conduz que buscar outra expiação. Conforme com a aliança de obras, transgredir qualquer mandamento coloca ao homem sob condenação, da qual nenhuma obediência pode livrá-lo, seja passada, presente ou futura.
Isto nos mostra a alegria dos que estão em Cristo. podemos servi-o sem medo escravizador. Contudo, Deus considera que é sua glória e felicidade perdoar e abençoar os que poderiam ser condenados com justiça em seu tribunal; e sua graça ensina que os que participam de sua misericórdia devem imitá-la em sua conduta.

Versículos 14-26
Erram os que tomam a só crença de noções do evangelho pelo todo da religião evangélica, como fazem muitos agora. Sem dúvida que a só fé verdadeira, pela qual os homens participam na justiça, expiação e graça de Cristo, salva suas almas; porém produz frutos santos e se demonstra verdadeira por seus efeitos nas obras deles, enquanto o só assentimento a qualquer forma de doutrina ou crença histórica de fatos difere totalmente da fé salvadora. A só profissão de fé pode obter a boa opinião da gente piedosa, e em alguns casos pode obter coisas mundanas boas, mas, de que aproveita a alguém se ganhar o mundo e perder a sua alma? Pode essa fé salvá-lo? todas as coisas devem ser contadas como proveitosas ou prejudiciais para nós, segundo tendam a promover ou a estorvar a salvação de nossas almas. Este lugar da Escritura mostra evidentemente que uma opinião ou assentimento ao evangelho, sem obras, não é fé. não há forma de mostrar que cremos realmente em Cristo, senão sendo diligentes em boas por motivo do evangelho e para propósitos do evangelho. Os homens podem vangloriar-se uns a outros e orgulhar-se falsamente do que não têm em realidade.
Não se trata somente de conformar-se à fé, senão de aceder a ela; não se de consentir à verdade da palavra, senão do aceder a receber a Cristo, crer verdadeiramente não é somente um ato do entendimento, senão uma obra de todo o coração.
Por dois exemplos demonstra-se que a fé que justifica não pode ser sem obras: Abraão e Raabe. Abraão creu em Deus e lhe foi imputado por justiça. A fé que produz tais obras o levou a favores peculiares. Então vemos (versículo 24), como é justificado o homem pelas obras, não pela só opinião ou declaração, ou por crer sem obedecer, senão tendo a fé que produz boas obras. Ter de negar sua própria razão, afetos e interesses é uma ação apta para provar a um crente.
Note-se aqui o maravilhoso poder da fé para mudar os pecadores. A conduta de Raabe provou que a fé dela era viva e tinha poder; demonstrou que ela cria com seu coração e não somente por consentimento intelectual.
Então, prestemos atenção ao fato de que as boas obras, sem fé, são obras mortas, carentes de raiz e princípio. Todo o que fazemos por fé é realmente bom, porque se faz em obediência a Deus e para sua aceitação: quando não há fruto é como se a raiz estiver morta. A fé é a raiz, as boas obras são os frutos e devemos ocupar-nos de ter ambas. Esta é a graça de Deus pela qual resistimos e à qual devemos defender. Não há estado intermédio. Cada um deve viver como amigo de Deus ou como inimigo dEle. Viver para Deus, que é conseqüência da fé, que justifica e salvará, nos obriga a não fazer nada em Sua contra, mas a fazer todo por Ele e para Ele.

Capítulo 3
Versículos 1-12
Advertências contra a conduta orgulhosa e a maldade da língua desenfreada.
Versículos 13-18
A excelência da sabedoria celestial oposta à mundana.

Versículos 1-12
Somos ensinados a temer uma língua desenfreada, como um dos males maiores. Os assuntos da humanidade são lançados na confusão pela língua dos homens. cada idade do mundo, e cada condição de vida, privada ou pública, dá exemplos disto. O inferno tem a ver com o fomento do fogo da língua mais do que pensam geralmente os homens; cada vez que as línguas dos homens são utilizadas de forma pecaminosa, estão acesas com fogo do inferno. Ninguém pode domar a língua sem a assistência e a graça de Deus. o apóstolo não apresente isto como um impossível, senão como extremamente difícil. Outros pecados decaem com o tempo: este piora muitas vezes; vamos ficando mais perversos e esforçados a medida que se deteriora a força natural e chegam os dias em que não temos prazer. Quando se domam e submetem outros pecados pelas doenças da idade, o espírito se torna, comumente, mais cortante, a natureza é arrastada até as fezes e as palavras usadas se tornam mais apaixonadas.
A língua do homem refuta a si mesma, porque em um momento pretende adorar as perfeições de Deus e referir a Ele todas as coisas, e em outro momento, condena ainda aos homens bons se não usam as mesmas palavras e expressões. A religião verdadeira não admite contradições: quantos pecados se evitariam se os homens fossem sempre coerentes! A linguagem piedosa e edificante é o produto genuíno de um coração santificado; e ninguém que entenda o cristianismo espera ouvir maldições, mentiras, jactâncias ou impropérios da boca do crente mais do que espera que uma árvore produza o fruto de uma outra. Porém, os fatos provam que são mais os professantes que conseguem refrear seus sentidos e apetites do que conseguem refrear devidamente suas línguas. Então, dependendo da graça divina, cuidemos de abençoar e não de amaldiçoar; e apontemos a sermos coerentes em nossas palavras e ações.

Versículos 13-18
Estes versículos mostram a diferença entre os homens que pretendem ser sábios e os que realmente o são. Quem pensa ou fala bem não é sábio no sentido das Escrituras, se não vive e age bem. A sabedoria verdadeira pode conhecer-se pela mansidão do espírito e do temperamento. Os que vivem em maldade, inveja e contenção, vivem em confusão; e estão obrigados a ser provocados e precipitados em toda má obra. Tal sabedoria não vem do alto, senão que brota de princípios, atos ou motivos terrenos, e está dedicada a servir a propósitos terrenos. Os que se jactam de uma sabedoria assim devem cair na condenação do diabo. A sabedoria celestial, descrita pelo apóstolo Tiago, é próxima ao amor cristão, descrito pelo apóstolo Paulo; e ambos são descritos assim para que todo homem possa provar plenamente a realidade de seus logros nelas. Não tem disfarce nem engano. Não pode cair nos manejos que o mundo considera sábios, que são espertos e mau-intencionados, senão que é sincera, aberta, constante, uniforme e coerente consigo mesma. Que a pureza, a paz, a bondade, a docilidade e a misericórdia sejam vistas em todas as nossas ações, e que os frutos da justiça abundem em nossa vida, provando que Deus nos tem outorgado este excelente dom.


Divisão do capitulo 4
Versículos 1-10
Advertências contra os efeitos corruptos, e o amor deste mundo, que é inimizade com Deus.
Versículos 11-17
Exortações a não empreender nenhum assunto na vida sem a consideração constante da vontade e a providência de Deus.

Versículos 1-10
Já que todas as guerras e brigas vêm das corrupções de nossos próprios corações, bom é mortificar as concupiscências que lutam com os membros, as concupiscências mundanas e carnais são males que não permitem o contentamento nem a satisfação. Os desejos e os afetos pecaminosos impedem a oração e a obra de nossos desejos para com Deus. Fiquemos em guarda para não abusar ou usar mal da disposição do coração, as misericórdias recebidas quando se concedem as orações.
Quando os homens pedem prosperidade a Deus, costumam pedir com maus alvos e más intenções. Se assim buscamos as coisas deste mundo, é justo que Deus as negue. Os desejos incrédulos e frios oram negações; podemos ter a certeza de que nossas orações voltarão vazias quando respondem à linguagem das concupiscências mais que a linguagem das virtudes.
Eis aqui uma clara advertência a evitar todas as amizades criminosas com este mundo. A orientação do mundo é inimizade contra Deus. um inimigo pode ser reconciliado, porém nunca a "inimizade". O homem pode ter uma grande porção de coisas nesta vida e ser, não obstante, mantido no amor de Deus, porém o que deposita seu coração no mundo, o que se conformará em vez de largar essa amizade, é um inimigo para Deus. Assim, pois, qualquer que resolva em todos os fatos estar em bons termos com o mundo, deve ser inimigo de Deus. então, os judeus e os professantes relaxados do cristianismo, pensam que a Escritura fala em vão contra esta orientação do mundo? Ou o Espírito Santo que mora em todos os cristãos ou na nova natureza que Ele cria, produzem tal classe de fruto?
A corrupção natural se mostra invejando. O espírito do mundo nos ensina a acumular, a empilhar para nós conforme a nossas próprias fantasias; Deus Espírito Santo nos ensina a estarmos dispostos a fazer o bem a todos os que nos rodeiam, segundo possamos. A graça de Deus corrigirá e curará nosso espírito natural; e onde Ele dá graça, dá outro espírito que não é o do mundo.
O orgulhoso resiste a Deus; em seu entendimento resistem as verdades de Deus; em sua vontade resistem as lei de Deus; em suas paixões resistem a providência de Deus; portanto, não é raro que Deus resista ao soberbo. Quão desgraçado o estado dos que fazem de Deus seu inimigo! Deus dará mais graça ao humilde porque eles vêm sua necessidade dela, oram por ela, são agradecidos por ela e eles a terão.
Submetam-se a Deus (versículo 7). Submeta seu entendimento à verdade de Deus; submeta sua vontade à vontade de Seu preceito, à vontade de Sua providência. Submetam-se vocês mesmos a Deus, porque Ele está disposto a fazer-lhes o bem. Se nos rendermos às tentações, o diabo nos seguirá continuamente, mas se nos colocamos toda a armadura de Deus, e lhe resistimos, nos deixará. Então, submetam-se a Deus os pecadores e busquem Sua graça e favor resistindo ao diabo. Todo pecado deve lamentar-se; aqui com tristeza santa; no além, com miséria eterna. O Senhor não lhe negará consolo ao que lamente verdadeiramente o pecado, e exaltará o que se humilha ante Ele.

Versículos 11-17
Nossos lábios devem estar governados pela lei da bondade, a verdade e a justiça. Os cristãos são irmãos. Quebrantar os mandamentos de Deus é falar mal deles e julgá-los, como se nos pusessem uma restrição demasiado grande. Temos a lei de Deus, que é regra para todo; não presumamos de pôr nossas próprias noções e opiniões como regra aos que nos rodeiam, e tenhamos cuidado de não sermos condenados pelo Senhor.
"Eia agora vós" (versículo 13) é um chamado a todo aquele que considera que sua conduta é má. Quão dados são os homens mundanos e astutos a deixar fora de seus planos a Deus! quão vão é buscar algo bom sem a bênção nem a direção de Deus! A fragilidade, a brevidade e a incerteza da vida devem frear a confiança vã e presunçosa de todos os projetos para o futuro. Podemos estabelecer a hora e o minuto da saída e o pôr-do-sol para amanhã, porém, não podemos fixar a hora certa em que se dissipará a névoa. Tão curta, tão irreal e dada a murchar é a vida humana, e toda a prosperidade e o prazer que a acompanham; mas a bênção ou o ai para sempre serão conforme a nossa conduta neste momento passageiro.
Sempre devemos depender da vontade de Deus, nossos tempos não estão em nossas mãos, senão a disposição de Deus. nossa cabeça pode estar cheia de preocupações e pensamentos por nós mesmos, ou por nossas famílias ou amizades, porém a providência amiúde confunde nossos planos. Todo o que pensemos e tudo o que façamos deve depender com submissão de Deus. Néscio e daninho é vangloriar-se de coisas mundanas e projetos futuros; produzirá grande desengano e resultará destrutivo no final.
Os pecados de omissão e os de comissão serão levados a juízo. Será condenado tanto aquele que não fizer o bem que sabe deve fazer e o que fizer o mal que sabe que não deve fazer. Oh, que fossemos tão cuidadosos para não omitir a oração e ao descuidar a mediação e o exame de nossas consciências, já que não devemos cometer crassos vícios externos contra a luz!

Versículos 1-6
Anúncio dos juízos de Deus contra os ricos incrédulos.
Versículos 7-11
Exortação à paciência e a mansidão nas tribulações.
Versículos 12-18
Advertência contra os votos apressados;
A oração recomendada nas circunstâncias aflitivas e prósperas;
Os cristãos devem confessar suas faltas uns aos outros.
Versículos 19-20
A felicidade de ser o médio para a conversão de um pecador.

Versículos 1-6
Os transtornos públicos são os mais penosos para os que vivem no prazer e são seguros e sensuais embora todos os níveis sofram profundamente em tais momentos. Todos os tesouros idolatrados perecerão logo, salvo que sejam levantados em juízo contra seus possuidores. Cuidem-se de defraudar e oprimir, e evitem até a aparência do mal. Deus não nos proíbe usar o prazer lícito, porém viver no prazer, especialmente no prazer pecaminoso, é um pecado que provoca. Não danifica as pessoas o não se equipar para preocupar-se pelos interesses de suas almas, mas dar-se o gosto nos apetites carnais?
O justo pode ser condenado e morto, porém quando o tal sofre por parte de opressores, Deus o percebe. Por sobre todos seus outros delitos, os judeus tinham condenado e crucificado ao Justo que veio a eles, a Jesus Cristo, o Justo.

Versículos 7-11
Pense no que espera uma colheita de grão, e não esperará você uma coroa de glória? Se for chamado a esperar um pouco mais que o camponês, não será que existe algo mais valioso que esperar? Em todo sentido vem-se aproximando a vinda do Senhor e todas as perdas, privações e sofrimentos de seu povo serão recompensados. Os homens contam como longo o tempo porque o medem segundo suas próprias vidas, porém todo o tempo é como nada para Deus; é como um instante. Uns quantos anos parecem séculos às criaturas de curta vida; mas a Escritura, que mede todas as coisas pela existência de Deus, reconhece que milhares de anos são como alguns dias.
Deus fez coisas no caso de Jó para mostrar claramente que Ele é muito compassivo e de tenra misericórdia. Isto não se vê durante seus problemas, mas viu-se o resultado; e agora os crentes encontram um final feliz para suas provações. Nossa felicidade eterna está segura se confiarmos nEle: todo o resto é pura vaidade que logo será terminada para sempre.

Versículos 12-18
Condena-se o pecado de jurar; mas quantos tomam com leviandade o jurar profano corriqueiro! Tais juramentos lançam desprezo expresso contra o nome e a autoridade de Deus. Este pecado não produz ganho, prazer nem fama, mas mostra uma inimizade contra Deus que não é necessária nem dá proveito. Mostra que o homem é inimigo de Deus, por mais que pretenda chamar-se com seu nome, ou participar às vezes nos atos de adoração. Mas o Senhor não considerará inocentes os que tomam Seu nome em vão.
No dia da aflição nada é mais oportuno que a oração. Então o espírito está mais humilhado e o coração, quebrantado e amolecido. É necessário exercer fé e esperança nas aflições; e a oração é o médio estabelecido para obter e incrementar essas graças.
Atente que a salvação do doente não se atribui à unção com óleo, senão à oração. Num momento de enfermidade, não é a oração fria e formal a que é eficaz, senão a oração de fé. a grande coisa que devemos rogar de Deus para Bom-Negócio e os outros no tempo da doença é o perdão dos pecados. Que nada se faça para estimular a ninguém a demorar, com a errada noção de que uma confissão, uma oração, uma absolvição e a exortação de parte de um ministro, ou o sacramento, consertarão todo no último momento, quando se têm descuidado os deveres da vida piedosa. A confissão mútua de nossas faltas ajudará muito à paz e ao amor fraternal. Muito serve quando uma pessoa justa, um crente verdadeiro, justificado em Cristo e por sua graça, que anda diante de Deus em santa obediência, apresenta uma oração fervorosa eficaz, colocada em seu coração pelo poder do Espírito Santo, a qual produz afetos e expectativas de fé, e assim guia com fervor a pedir as promessas de Deus em seu trono de misericórdia.
O caso de Elias demonstra o poder da oração. Não devemos olhar para o mérito do homem quando oramos, senão a graça de Deus. não basta dizer uma oração, senão que devemos pedir na oração. Os pensamentos devem permanecer fixos, os desejos devem ser firmes e ardorosos, e as graças devem ser exercidas. Este caso do poder da oração dá ânimos a todo cristão para orar eficazmente. Deus nunca disse a ninguém da semente de Jacó: "Busquem em vão meu rosto". Ainda que possa parecer que não é um grande milagre de Deus ao responder nossas orações, ainda há muita graça.

Versículos 19-20
Não é característica do homem piedoso ou sábio jactar-se de estar livre de erro ou negar-se a reconhecer uma falha. Existe um erro doutrinário no fundo de todo erro prático. Habitualmente ninguém é mau se não se basear num princípio mau.
A conversão é fazer tornar o pecador do erro de seu caminho, e não só de uma parte a outra ou de uma noção a outra, nem de um modo de pensar a outro. Não há forma de ocultar eficaz e definitivamente o pecado, senão abandonando-o. Muitos pecados são impedidos por um converso; também pode fazer assim em outros sobre os quais possa ter influência. A salvação de uma alma é de importância infinitamente maior que preservar a vida de multidões ou fomentar o bem-estar de todo um povo. Tenhamos presente estas coisas em nossas diversas etapas, sem esquivar a dor ao serviço de Deus, e o tempo provará que nosso trabalho no Senhor não é em vão. Ele tem estado multiplicando o perdão por seis mil anos e ainda sua livre graça não está cansada nem se tem esgotado. Certamente a misericórdia divina é um oceano que sempre está cheio e sempre flui. Que o Senhor nos dê uma parte de esta abundante misericórdia por meio do desígnio de Cristo e da santificação do Espírito.

Epístola de TIAGO - Apresentação


INTRODUÇAO
A epístola de Tiago é um dos escritos mais instrutivos do Novo Testamento. Dirigida principalmente contra erros particulares da época produzidos entre os cristãos judaicos, não contém as mesmas declarações doutrinárias completas das outras epístolas, porém apresenta um admirável resumo dos deveres práticos de todos os crentes. Aqui estão manifestadas as verdades principais do cristianismo, e ao ser consideradas com atenção, se verá que coincidem por inteiro com as declarações de Paulo acerca da graça e a justificação, abundando ao mesmo tempo em serias exortações à paciência da esperança e a obediência da fé e do amor, misturadas com advertências, repreensões e exortações conforme aos caracteres tratados. As verdades aqui expostas são muito sérias e é necessário que se sustentem e se observem em todo tempo as regras para sua prática. Em Cristo não há ramos mortos ou sem seiva; a fé não é uma graça ociosa; onde quer que esteja, gera fruto em obras.

AUTORIA
Tiago - Há três Tiago no N.T.:
·         Lucas 6.14-16. Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (morto em Atos 13.2);
·         Tiago, filho de Alfeu;
·         Tiago irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3) também chamado, Tiago, o menor (Mc 14.40).
O escritor desta epístola é o irmão de Jesus (conforme atribuem alguns historiadores), de grande estatura na primeira igreja em Jerusalém (Gl 2.9). Os historiadores do primeiro século escrevem que Tiago foi um mártir no ano 62 d. C. (Baxter, pg. 283,285).
Tiago está escrevendo "às doze tribos que andam dispersas" (1.1) que eram "irmãos" e ensinou estes como cumprir a lei e serem Judeus completos. Levou tempo para amadurecimento nos Judeus, uma vez que eram Cristãos, a deixarem os traços da obediência da lei como uma obra e viverem só na graça. Tiago os exorta, não de deixar a lei e fazer nada, mas de completar a lei cumprindo o espírito da lei que é aquela obediência que traz louvor a Deus e não opera o aperfeiçoamento do homem diante de Deus.

DESTINATÁRIOS
Tg 1.1 diz que “as doze tribos na dispersão” (do grego diáspora) são os destinatários (cf. 1Pe 1.1).
A quem isso se refere? Porventura os judeus daquele tempo que viviam no estrangeiro, que desde o cativeiro babilônico haviam se estabelecido inicialmente nos países orientais e depois, como vemos particularmente em At, também no Ocidente, em muitas localidades maiores? Contudo, naquela época as “doze tribos” há tempo já não existiam. Desde o cativeiro assírio (722 a.C.) as dez tribos do reino do Norte não existiam mais.
A carta de Tiago é uma carta cristã, ainda que o nome de Jesus seja mencionado expressamente apenas em duas ocasiões (Tg 1.1 e 2.1). Toda a carta está nitidamente impregnada do espírito e da terminologia do Sermão do Monte (cf., p. ex., Tg 1.22 com Mt 7.21,26; Tg 2.10 com Mt 5.19; Tg 2.13 com Mt 5.7; Tg 3.18 com Mt 5.9; Tg 4.5 com Mt 6.24; Tg 4.12 com Mt 7.1; Tg 5.2 com Mt 6.19; Tg 5.12 com Mt 5.34,37).
Igualmente se fala da vinda do Senhor (Tg 5.8), sendo que Tg 2.1 diz quem é o Senhor aguardado. Em Tg 5.14 a comunidade em questão é necessariamente cristã. No grego consta ekklesia. Era assim que se chamavam as igrejas cristãs, mas não as sinagogas judaicas. Logo, não pode tratar-se de um escrito judaico. Mostra-se aqui a vida do grupo trazido ao lar divino por Jesus, seu relacionamento entre si e perante o contexto em que vivia.
Além disso, é levantada a pergunta: seriam apenas grupos cristãos judeus os destinatários da carta de Tiago e, consequentemente, não teria ela nada a ver diretamente conosco, que viemos de povos gentílicos? Em diversas passagens da Escritura nota-se como as pessoas que conforme At 15 se reuniram para um “concílio de apóstolos” (e, em decorrência, o primeiro cristianismo propriamente dito) entendiam a igreja de Jesus Cristo.
a) Pedro escreve a igrejas cristãs, das quais evidentemente também participavam cristãos gentílicos que “outrora viviam na ignorância segundo os desejos” (uma fórmula fixa de condenação dos judeus sobre os gentios da época): “Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, o povo santo, o povo da propriedade” (1Pe 1.14; 2.9). Portanto a escolha, dádiva e incumbência do povo de Deus do AT (Êx 19.6) valiam agora também para o povo de Deus do NT, a igreja de Jesus formada de Israel e dos povos dentre as nações.
b) Paulo escreve: “Ele de ambos fez um só” (a igreja de Israel e das nações) “e derrubou o muro que separava” (Ef 2.14). Na carta aos Romanos ele declara que os cristãos vindos dos gentios foram enxertados de forma não natural como ramos silvestres na oliveira de Israel (Rm 11.17). O povo de Deus do NT, a igreja de Jesus formada de Israel e das nações, é o povo gerado pelo Espírito de Deus e que serve a Deus (Jo 1.13; 3.3-6; Fp 3.3), formando agora por assim dizer as “doze tribos na dispersão”. Estão no mundo, na diáspora (o mesmo termo grego, tanto em Tg 1.1 como também em 1Pe 1.1), inclusive entre nós, no “Ocidente cristão”.
A multidão assim reunida constitui, já durante a irrupção da era presente (“primícias”, Rm 11.16), a vanguarda da grande e boa soberania de Deus em Jesus Cristo. A ordem das doze tribos de Israel é, até mesmo depois de exteriormente as doze tribos já não existirem, o “quadro”, a moldura para a grande multidão dos que foram trazidos ao lar. Também os cristãos dentre os gentios agora são por assim dizer enxertados nas doze “coroas de ramos” da grande oliveira Israel, e no dia de Jesus Cristo já não faltará nela nenhuma folha sequer. Terá entrado no lar o número pleno previsto por Deus dentre as nações (Lc 21.24; Rm 11.25). No limiar do reino milenar de paz de Jesus Cristo, o próximo grande passo de Deus depois de nosso éon atual rumo à consumação será a salvação, então, de “todo o Israel”, ou seja, Israel como povo (Rm 11.26). Na sequência todos os demais povos também darão honras a Deus (Ap 15.4; cf. 21.3). Veja também abaixo o comentário sobre Tg 4.4s.
c) À semelhança de Pedro e Paulo, também Tiago deve ter considerado a igreja de Jesus reunida dentre Israel e as nações como o Israel da nova aliança, agora transposto para a diáspora. Em decorrência, também nós cristãos dentre os gentios somos, ao lado dos cristãos de Israel, os destinatários diretos da carta de Tiago.

LOCAL E DATA
A data exata é difícil determinar. Uns dizem que foi o primeiro de todos os escritos do N.T. e outros o colocam pouco antes de Hebreus. Josefo (historiador judeu) indica que Tiago foi apedrejado ate a morte por volta de 62 d.C. Então, sendo ele o autor ela foi escrita antes desta data, pelo seu conteúdo, descreve que pode ter sido escrita antes do concilio da Igreja em At 15, que aconteceu por volta de 49 d.C.. Logo temos uma previsão de escrita entre 48 e 62 d.C..


TEMA E PROPÓSITO
Tema: A fé produz obras.
Tiago é muito prático nesta carta e enfatiza o dever ao invés da doutrina, ele escreveu repreendendo à negligência (muitas vezes vergonhosa) de alguns deveres cristãos. Ele analisou a natureza da fé genuína, estimulando os leitores a demonstrar a eficácia de sua experiência do Cristo.
Sua principal preocupação era a realidade e simplicidade na religião, apresentando reivindicações práticas do evangelho.

Mensagem Central
“A verdadeira religião pressupõe uma fé operante e frutuosa, demonstrada por meio da prática habitual, em sinceridade e amor, dos ensinamentos da Palavra de Deus.”

Temas importantes e suas aplicações a igreja atual.
Provação x Tentação – Tiago proclama em alta voz que a provação vem de Deus e deve ser experimentada com alegria, como uma gloriosa oportunidade de revelar a fé do cristão. Esta alegria não advém da prova em si, mas sim da consciência de que ela é um instrumento poderoso para gerar perseverança e para aperfeiçoar o caráter, rumo à integridade e à perfeição. Já, quanto à tentação, Tiago tem um entendimento bem diferente. Tiago enfatiza que toda boa dádiva e todo dom perfeito vem de Deus, que não pode ser tentado e a ninguém tenta, sendo cada pessoa tentada pela sua própria cobiça, que uma vez concebida gera o pecado, que enreda o homem em caminhos de morte. O ensino de Tiago constitui, assim, tanto um estímulo oportuno para os cristãos que estão passando por provas, infundindo confiança nos frutos e na vitória a ser alcançada, como um alerta ameaçador para aqueles que têm cedido às tentações e se excusado das responsabilidades pessoais por seus próprios pecados, culpando abertamente a Deus por sua situação;

A fé prática – Tiago é a mais prática de todas as epístolas e tem sido chamada por alguns teólogos de “Guia Prático para a Vida e a Conduta Cristã”. É o livro de Provérbios do Novo Testamento. Está repleta de preceitos morais e expõe a ética do Cristianismo de maneira visceral. Para Tiago, a fé autêntica tem de ser evidenciada em obras. Ele se opõe resolutamente à tendência comum entre os cristãos de se satisfazerem com uma fé intelectual, acomodada e que faz concessões, procurando tirar o melhor proveito deste mundo e do vindouro. Tiago combate vigorosamente o sistema de salvação baseado na adesão superficial aos dogmas de uma religião, sem qualquer evidência de conversão verdadeira e obediência prática aos preceitos de Deus, principalmente quanto ao relacionamento com o próximo em amor. Numa época em que a Igreja Cristã faz cada vez mais concessões aos valores do presente século, a voz de Tiago soa como um alerta contra a falsificação religiosa e o barateamento do evangelho, conclamando todos os cristãos a uma vida de fé operante e frutuosa, cujas obras glorificam a Deus e testemunham da conversão verdadeira.

A vida cristã – Tiago traz diversas instruções sobre como deve ser a vida diária de um cristão, em qualquer época, a serviço de Deus, em sintonia absoluta com as palavras de Jesus no Sermão do Monte. Ele ressalta que a entrada na vida cristã acontece quando se é gerado pela Palavra da Verdade. Esse é o modo de Tiago expressar o novo nascimento em Cristo. Tendo em vista esta conversão, ele enfatiza a importância das novas atitudes que deverão segui-la, tais como: ser praticante e não apenas ouvinte da Palavra de Deus; assistir os órfãos e as viúvas nas suas necessidades; não fazer acepção de pessoas; refrear a língua; buscar a sabedoria; exercitar a humildade; evitar as contendas; não se omitir de fazer o bem; submeter os projetos pessoais à vontade de Deus; rejeitar as riquezas corruptas; tratar com justiça os trabalhadores; não fazer juramentos; orar pelos enfermos; confessar os pecados; buscar a conversão dos desviados.